aulas de abismo

aulas de vertigem

o elevador desce para o centro

as paredes de carvão, as traves de madeira 

esses cabos 

o tempo que não acaba e um poço que parece sem fundo.

ossos feitos por fora e esse barulho

labirinto frio e escuro.

a água escorre do teto e empapa o chão de uma lama negra.

a água vem de rios subterrâneos que cruzam com as galerias.

a umidade brota nas paredes e da no corpo uma sensação de calor molhado.

o cheiro é uma mistura de mofo e descarga de automóvel.

o barulho continua e aqui embaixo não tem oxigênio suficiente.

o enxofre penetra o solo

a pele 

no chão, a lama continua

terreno violentamente remexido,

massa terrestre deslocada

aquele amplo vazio

poderosa pressão

um forte abalo subterrâneo. 

leitos de carvão, estratos compactos de arenito ou de argila esmagados por camadas superiores. 

movimentos dessa massa líquida cavam

fendas e inúmeros desmoronamentos.

o ar, rarefeito, não basta pras necessidades do pulmão 

minerais inflamáveis, metálicos e litoides

e acúmulos consideráveis.